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Como montar lancheiras saudáveis e equilibradas para crianças?

A lancheira escolar é um item de grande importância na alimentação das crianças. É muito comum encontrar pais e cuidadores que, por falta de conhecimento, pensam que é nesse lanchinho que a criança deve ser autorizada a comer salgadinhos industrializados, refrigerantes, sucos de caixinha e guloseimas. Não é bem assim, o lanche da criança está presente em sua rotina quase que diariamente, algumas crianças levam até dois lanches para escola em um mesmo dia, então essas pequenas refeições feitas podem representar até cerca de 25% da ingesta alimentar diária do indivíduo. É uma quantidade bem significativa. O guia alimentar para a população brasileira preconiza o consumo de alimentos in natura e minimamente processados em detrimento dos processados e ultraprocessados.  

A infância é momento crucial na formação de hábitos saudáveis (principalmente a primeira infância), então é muito importante que os cuidadores dessas crianças sejam orientados a respeito da montagem de lanches saudáveis. Não precisa ser complicado, os lanches que fazem parte de uma alimentação balanceada podem ser bastante simples e nutritivos. Também é possível ensinar estratégias para facilitar essas refeições.  


Imagem: Freepik


O ideal é que três grupos alimentares estejam presentes nos lanches (inclusive de adultos): os alimentos construtores, reguladores e os energéticos. Os alimentos construtores são aqueles que estruturam nossos tecidos e órgãos. São as proteínas em geral: leites e derivados (queijos, iogurtes), ovos, carnes, oleaginosas e leguminosas. Os alimentos reguladores são aqueles que auxiliam na nossa imunidade e participam do metabolismo (crescimento e desenvolvimento). São fontes importantes de vitaminas, fibras e minerais representados por: frutas, verduras e legumes. Já os alimentos energéticos são, como diz o nome, os que fornecem maior aporte de energia. Representados pelos carboidratos são caracterizados por: cereais (arroz, trigo, milho), tubérculos (inhame, aipim, batatas), açúcares (mel, açúcar de mesa, melado) e lipídeos (óleos, azeite, manteiga, banha de porco). 

Muitos pais acreditam que é necessário enviar sucos todos os dias, não só não é necessário como não é recomendado. A fonte de hidratação primária (de todos) deve ser água. É uma questão de hábito e a criança não precisa ser “digna de pena” por levar água na lancheira. Claro que existem opções interessantes para enviar como bebida (esporadicamente): água de coco, sucos 100% fruta (não adoçados), leite (se for do consumo habitual da criança). Mas é necessário se atentar às quantidades. Os sucos de fruta por exemplo possuem recomendação de consumo diário máximo de 120 ml/dia para crianças de 1 a 3 anos, de 180ml/dia para crianças entre 4 e 6 anos e 240ml/dia na faixa etária de 7 a 18 anos. A desvantagem dos sucos é que possuem menos fibras que a fruta e maior densidade energética (pois em geral em um suco de laranja, por exemplo, há mais de uma laranja, se fosse consumir a laranja de lanche, provavelmente seria uma unidade ou menos). 


Imagem: Freepik


Os pais e cuidadores devem utilizar estratégias para facilitar seu dia a dia: fazer receitas de bolos saudáveis em formas de cupcake e congelá-los pode ajudar a não recorrer à pacotinhos de ultraprocessados. Esses bolinhos, em geral, podem ser retirados do congelador e levados direto à lancheira, pois até a hora do lanche, descongelam. Mas depende da temperatura de cada região, então a chave é testar, se necessário, retire o bolinho no dia anterior e passe para a geladeira, pode-se aquecer por 15s no micro-ondas antes de adicionar à lancheira. Um cardápio pode ser montado (aposte nos alimentos da safra! Mais baratos e com menos agrotóxicos) e uma vez por semana esses lanches podem ser preparados e congelados. As frutas podem ser cortadas na noite anterior. Envolver a criança nesse preparo é muito efetivo para que ela queira comer.  

É necessário utilizar potes térmicos, gelos reutilizáveis, ou as alternativas possíveis para conservar o lanche e garantir que não estrague. Há escolas que disponibilizam geladeira para armazenar o lanche dos alunos também. Varia com cada realidade e o importante é que os cuidadores façam o melhor dentro de suas possibilidades e se atentem para evitar enviar alimentos muitos perecíveis se não há conservação adequada.  


Imagem: Freepik

Outro fator a ser observado é o risco de engasgo. A pipoca, por exemplo, pode compor um bom lanche, mas possui elevado risco de engasgo. Se a sua criança é muito pequena (menor de 5 anos) é melhor evitar. Se ela já tem o hábito de comer em casa e é maiorzinha, tudo bem. Oleaginosas também possuem esse risco, mas podem ser enviadas em formato de pasta (pasta de amendoim ou de macadâmia na banana ou na panqueca). 

Exemplificando a composição dos lanches, é possível mandar as combinações: pão com queijo muçarela e banana (+água); bolo de milho e melão (+água); pão de queijo caseiro e manga (+água); panqueca de banana e aveia com água de coco (+água); cookie caseiro de aveia, tangerina e leite (pode ser adoçado com mel ou puro), cenourinha com humus de grão de bico e ovo de codorna (+água), iogurte natural com granola e mamão (+água), bolinho de laranja e queijo minas (+água), muffin de couve com cenoura e grissini de queijo (caseiro ou com bons ingredientes) (+água).       

Se a sua criança já come doces, tudo bem permitir que uma vez na semana ela possa levar um chocolatinho ou algo do tipo que ela goste para a escola, o mais importante é que a alimentação de rotina precisa ser saudável, mas o equilíbrio sempre é bem-vindo. Escolhas melhores sempre podem ser feitas, um chocolate com mais cacau, um doce de banana sem açúcar, um bolinho de cacau ou com gotas de chocolate de boa qualidade. A lancheira escolar deve ser nutritiva e saborosa para que a criança consiga aprender e se desenvolver da melhor maneira possível.  

 

REFERÊNCIAS: 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/@@download/file >. Acesso em: 21 mar 2024.  

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção à Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: < http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf >. Acesso em: 21 mar 2024. 

GREGÓRIO, Maria João et al. Guia para lanches escolares saudáveis. 2021. 

 

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