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Doação de leite materno para Bancos de Leite Humano

A rede brasileira de bancos de leite humano (RBLH) é uma iniciativa do Ministério da Saúde (MS) que salva diariamente a vida de muito recém-nascidos. Esse programa brasileiro é referência em vários países europeus, americanos e africanos devido ao seu sucesso. Ele é formado por uma parceria entre o Instituto Nacional de Saúde de Mulher, da Criança e do Adolescente da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz) e o Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde (DAPE/SAS). A rede de doação de leite materno brasileira é a mais complexa do mundo. Segundo dados da Fiocruz, são mais de 160 mil litros de leite distribuídos por ano para bebês recém-nascidos que possuem baixo peso e estão internados em UTIs neonatais.  


Imagem: Freepik


A morbimortalidade infantil é um problema muito grave e o aleitamento materno é um fator de proteção contra essa adversidade. Os bancos de leite humano (BLH) são aliados à promoção, à proteção e ao apoio ao aleitamento materno pois possibilitam que bebês cujas mães não podem amamentar (ou que são amamentados, mas necessitam de maior aporte de alimento) e que estão em situação de saúde crítica tenham acesso ao “ouro líquido” e de maneira segura. O leite proveniente das doações é processado, testado e pasteurizado para garantir sua qualidade. Nos BLH as mães que amamentam seus bebês e estão com dificuldades no processo também podem ir pedir ajuda e orientações pois os profissionais saberão como instruir (ensinam a fazer a pega correta e dão orientações importantes acerca de como cuidar de seios feridos, por exemplo).  

Antigamente era uma prática muito comum uma lactante que possuísse mais leite amamentasse bebês de amigas ou da família cuja mãe estivesse ausente ou impossibilitada de amamentar. Essa prática, que se chama amamentação cruzada, não é recomendada pois pode levar doenças de um bebê para o outro ou da lactente para o bebê que não é seu filho e está sendo amamentado. Atualmente a recomendação oficial é que bebês que não podem ser amamentados tomem fórmula infantil. Ou, caso o bebê esteja em UTIs neonatais, com baixo peso e condições de saúde prejudicadas, ele receba esse leite doado e controlado.  


Imagem: Freepik


É importante frisar que a mãe que decide não amamentar por escolha ou até mesmo que não pode, mas que tem um bebê saudável, não tem direito a esse leite doado. A prioridade são os bebês que necessitam mais, bebês saudáveis, podem (e devem) ser amamentados com a fórmula infantil. 

Por que todo esse trabalho para dar leite materno doado aos bebês quando existem as fórmulas? Pois o leite materno possui fatores (anticorpos, enzimas citocinas, hormônios, entre outros muitos) que auxiliam na imunidade do bebê e na maturação do seu sistema imunológico - o que é primordial no caso dos bebês de UTI neonatal.  

As regiões Sul e Sudeste do Brasil são as que possuem maior quantidade de Hospitais Amigos da Criança (propostos pela Unicef na década de 90) que protegem o direito da criança de ser amamentada e as práticas humanizadas com o neonato. Os profissionais desses locais são, em geral, muito engajados nas orientações para as gestantes e isso potencializa a quantidades de lactantes dispostas a doar e que têm conhecimento a respeito dessa possibilidade e do processo necessário para fazê-la com segurança. 


Imagem: Freepik


As doadoras do leite devem ser saudáveis, possuírem leite além do necessário para seus bebês e não podem utilizar medicamentos que impeçam a doação (que “passem” através do leite para o bebê).  

Como se preparar para coletar o leite? 

  • Entre em contato com um BLH mais próximo à sua residência (mesmo que pareça distante, entre em contato, essas doações são tão essenciais que, muitas vezes, mesmo sendo um local bem distante, o BLH vai enviar um colaborador para buscar esse leite materno); 

  • Separe um vidro com tampa de plástico (vidros de café solúvel, por exemplo); 

  • Retire completamente rótulos, partes de papel e conserve somente o vidro e o plástico da embalagem; 

  • Lave a tampa plástica com água e sabão; 

  • Coloque o vidro em uma panela e encha de água até cobrir o vidro completamente; 

  • Ferva a água por 15 minutos; 

  • Tire a água da panela e coloque o vidro para secar virado com a abertura para baixo em um pano limpo (a tampa também pode ser colocada nesse mesmo pano); 

  • Não seque o vidro, ele precisa secar escorrendo nesse pano, quanto menos objetos entrarem em contato com o interior do vidro, mais limpo ele estará e menor as chances de contaminações); 

  • Somente utilize o vidro quando ele estiver 100% seco; 

  • Após o bebê mamar ou em um momento em que as mamas estejam com bastante leite, se encaminhe para um local limpo (longe de animais); 

  • Cubra o cabelo com uma touca ou lenço;  

  • Lave bem as mãos e os antebraços com água e sabão e os seque com toalha limpa; 

  • Lave as mamas com água somente; 

  • Seque as mamas com toalha limpa ou com uma gaze; 

  • Utilize uma máscara ou uma fralda de pano do bebê para evitar que gotículas de saliva caiam no leite ordenhado; 

  • Massageie as mamas de forma circular com os dedos (utilize as partes de onde se retiram as digitais) começando nas aréolas (próximo ao bico das mamas); 

  • Coloque o dedo polegar acima da aréola e o indicador e o dedo médio abaixo, pressione suavemente e solte (repetindo esse movimento até o leite sair); 

  • Despreze os primeiros jatos e colete o restante no frasco (que também pode ter sido oferecido pelo BLH); 

  • Após, armazene o frasco bem tampado e identificado (com nome e data) no congelador ou no freezer (por até 10 dias);  

  • É possível utilizar também uma bomba extratora, se for o caso, a esterilize seguindo as recomendações do fabricante antes de cada utilização; 

  • Peça ao BLH para buscar os frascos de leite.  

Pronto! A partir daí o BLH irá selecionar o leite, pasteurizá-lo e distribuí-lo para os bebês que precisam com qualidade e segurança. 

 

 

REFERÊNCIAS:

BARROS, Mariana Simões et al. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano: uma rede baseada na confiança. 2018. 

CHAVES, Jaísa Oliveira et al. Conformidade no manuseio do leite materno cru doado aos bancos de leite humano em relação à qualidade microbiológica. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 22, p. 863-870, 2023. 

FONSECA, Rafaela Mara Silva et al. O papel do banco de leite humano na promoção da saúde materno infantil: uma revisão sistemática. Ciência & saúde coletiva, v. 26, p. 309-318, 2021. 

Rede Global de Bancos de Leite Humano  rBLH Brasil.  rBLH Brasil. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:<rBLH-Brasil | rBLH Brasil (fiocruz.br) >. Acesso em: 25 mar 2024. 

Rede Global de Bancos de Leite Humano  rBLH Brasil. Como doar leite materno? Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:< https://rblh.fiocruz.br/rblh-brasil >.  Acesso em: 25 mar 2024. 

 

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