top of page

Gestação saudável

A gestação é um momento muito importante que inspira cuidados na saúde da mulher, mas que também traz consigo muitos tabus. O pré-natal é essencial para o acompanhamento do binômio mulher-bebê e deve ser iniciado preferencialmente antes da 12ª semana de gestação. O número mínimo de consultas recomendado pelo Ministério da Saúde é seis. Idealmente, até a 28ª semana de gestação as consultas devem ser mensais. Entre a 28ª e a 36ª semanas as consultas devem passar a ser quinzenais. A partir daí, a gestante deve ser acompanhada semanalmente. O pré-natal vai avaliar parâmetros como evolução do peso gestacional, pressão arterial, batimentos cardiofetais, entre outros (todos muito importantes para a melhor evolução e desfecho dessa gestação). Exames de sangue, de urina, de rastreio de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), de toxoplasmose, de diabetes gestacional, entre outros, também são feitos.  

Imagem: Freepik


A suplementação de sulfato ferroso (para prevenir anemia ferropriva), ácido fólico (importante para o fechamento do tubo neural do bebê) e, eventualmente, outros elementos (como o cálcio) são recomendadas para melhor desempenho da saúde gestacional e do bebê. As vacinas da gestante também devem ser tomadas nas datas propícias e deve-se atentar a vacinas que não são recomendadas nesse período (a tríplice viral, por exemplo, por conter o vírus atenuado). O pré-natal psicológico também pode ser importante aliado para famílias que irão ter um bebê. As mudanças emocionais na gestante podem ser difíceis de lidar e o Programa de Pré-Natal Psicológico (PNP) pode ser de grande valia para essa mulher (e para o casal, se houver) pois permite que as gestantes conversem e troquem experiências com outras grávidas, compartilhem anseios, tenham trocas sobre relacionamento familiar, sexualidade, parto, rede de apoio, amamentação, baby blues. 

  A saúde bucal da gestante também deve receber atenção. Doenças periodontais e cáries podem ocorrer com gestantes (que possuem alterações hormonais que podem alterar o equilíbrio da fisiologia oral), porém é muito comum que gestantes não procurem atendimento odontológico por medo, crendo que anestesias ou tratamentos podem afetar o feto. Isso pode ocasionar complicações na gestação, como partos prematuros. É importante frisar que as alterações fisiológicas não necessariamente causam cáries ou outras patologias, a profilaxia (higiene bucal adequada, consumo de doces com moderação) faz o seu papel muitas das vezes, porém esse acompanhamento com dentista é importante justamente para que se algo estiver se desenvolvendo (como doença periodontal, que é a inflamação da gengiva e pode ocorrer devido ao biofilme que é formado em muitas gestantes), seja tratado e resolvido o mais rapidamente possível. Os vômitos, muito comuns na gestação, também podem diminuir o pH bucal e a capacidade tampão da saliva e favorecer a presença de cáries. O segundo trimestre da gestação é o melhor período para a realização de tratamentos necessários, pois já passou da instabilidade do 1º trimestre, mas ainda não chegou no desconforto que atinge muitas gestantes no 3º trimestre gestacional. 

Imagem: Freepik

A alimentação da grávida também é um fator que deve ser observado com atenção. Consumo de alimentos saudáveis, alimentação variada e monitoramento através de sinais e sintomas e exames são muito importantes. A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é essencial para orientar sobre nutrição nessa época da vida. O Guia Alimentar para População Brasileira (Brasil, 2014) é um ótimo referencial para que as gestantes entendam em que consiste uma alimentação saudável. Há também o “Protocolo de Uso do Guia Alimentar para a População Brasileira na Orientação Alimentar da Gestante” (Brasil, 2021) que pode ser utilizado como aliado por profissionais para orientação de grávidas. O aumento da necessidade energética é uma realidade, mas não é necessário (nem recomendado) “comer por dois”, como diz a crença popular. A taxa metabólica basal (necessidade diária de energia) vai aumentar devido à formação do feto, das reservas que estão sendo construídas para a lactação, mas há um cálculo correto a ser feito, no qual se soma um adicional energético, que não consiste em dobrar a alimentação original da mãe. A recomendação proteica, por exemplo, irá variar de acordo com a fase da gestação, com o estado fisiológico da mãe e até mesmo se a gestação é gemelar ou não. O ideal é que haja um acompanhamento durante toda a gestação para adequar possíveis erros na alimentação ou necessidades que se alterem. 

  Imagem: Freepik


A prática do exercício físico regular deve ser encorajada no período gravídico para gestantes saudáveis (para as com alguma condição, deve ser analisado caso a caso junto ao médico). Para mulheres que não praticam nenhuma atividade, é recomendado que atividades leves a moderadas sejam iniciadas. Se a mulher já é praticante de atividades físicas, ela deve ser orientada a continuar se exercitando (se necessário, pode se orientar a mudar a atividade física para uma mais compatível com a gestação- atividades com risco de queda, por exemplo, são perigosas para essa etapa da vida). A melhora da qualidade de vida dessas gestantes mais ativas é notável. O controle do peso, a diminuição de dores posturais, do estresse e do risco de depressão são alguns desses benefícios. Mas a saúde cardiovascular e a glicemia da gestante também são favorecidas. 

Ainda sobre glicemia, a diabetes gestacional (atinge cerca de 7% das gestações) é uma das condições rastreadas pelo pré-natal. A mãe passa a produzir uma quantidade maior de glicose, pois essa é a fonte de energia principal do feto, porém, por uma disfunção a quantidade de insulina produzida pode não acompanhar essa mudança na glicemia materna e se isso for identificado precocemente, é possível tratar para que não acarrete consequências negativas para o binômio mãe-bebê (alteração do crescimento fetal, pré-eclâmpsia, prematuridade). O tratamento inicial consiste em prática de atividade física e ajustes na alimentação, se não resolver, será necessário o uso de fármacos. Portanto, uma vida saudável e equilibrada, que deveria ser seguida por todos, em geral, é o que permitirá uma gestação com maior tranquilidade e saúde para a grávida e para seu bebê.  

 

REFERÊNCIAS: 

BENINCASA, Miria et al. O pré-natal psicológico como um modelo de assistência durante a gestação. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, v. 22, n. 1, p. 238-257, 2019. 

BRASIL. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde. Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde. Guia do Pré-natal e Puerpério na Atenção Primária à Saúde (APS). Rio Grande do Sul: Secretaria Estadual da Saúde, 2024. Disponível em:<GUIA DO PRÉ-NATAL 2024 (atencaobasica.rs.gov.br)>.  

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/@@download/file >. Acesso em: 11 abr 2024.    

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro Manual de Condutas Gerais. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:<manual_suplementacao_ferro_condutas_gerais.pdf (saude.gov.br)>. Acesso em: 11 abr 2024. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Universidade de São Paulo. Protocolo de Uso do Guia Alimentar para a População Brasileira na Orientação Alimentar da Gestante. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em:<protocolo_guia_alimentar_fasciculo3.pdf>. 

COSTA, Raissa De Moura et al. Diabetes gestacional-uma abordagem profilática. Revista Atenas Higeia, v. 3, n. 1, p. 13-21, 2021. 

DE OLIVEIRA, Fellipe Batista et al. Elaboração e avaliação de material educativo sobre alimentação saudável para gestantes. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão, v. 17, n. 37, p. 18-33, 2020. 

GUIMARÃES, Kelly Alves et al. Gestação e Saúde Bucal: Importância do pré-natal odontológico. Research, society and development, v. 10, n. 1, p. e56810112234-e56810112234, 2021. 

SURITA, Fernanda Garanhani; NASCIMENTO, Simony Lira do; SILVA, João Luiz Pinto. Exercício físico e gestação. Revista brasileira de ginecologia e Obstetrícia, v. 36, p. 531-534, 2014. 

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page