top of page

Introdução alimentar: métodos

O Baby Led Weaning (BLW), que pode ser traduzido como desmame guiado pelo bebê, é um método que entrou em evidência nos últimos anos. Essa forma de alimentação prioriza a autonomia do bebê pois envolve alimentos em pedaços sólidos, na consistência e no tamanho adequados para cada idade, e à criança é dada a oportunidade de usar as mãos para interagir com os alimentos (levá-los à boca, amassá-los, cheirá-los- ou até mesmo ignorá-los). Esse método se popularizou muito, mas possui também muitos críticos pois muitas pessoas acreditam que dar um alimento inteiro a um bebê pode aumentar o risco de engasgo. Não é verdade, como dito no texto “Introdução alimentar do bebê” qualquer alimento pode causar engasgo, sólido ou líquido.  


Imagem: Freepik


O que garante maior segurança nesse método é: dar os alimentos na textura adequada (o bebê precisa conseguir esmagar o alimento com a língua- isso precisa ser testado antes de disponibilizar o alimento à criança) e o corte do alimento estar correto. Alguns alimentos precisam de um maior cuidado: alimentos arredondados e pequenos como uva, tomate cereja, possuem um formato que pode ser perigoso.  É essencial cortar esses alimentos longitudinalmente para que eles não tenham chance de tampar completamente a região da glote da criança e causar engasgo ou até sufocamento. Alimentos folhosos podem ser oferecidos no meio de outras preparações bem picadinhos, no meio de uma omelete por exemplo. Frutas como maçã, que são muito rígidas, precisam ser cozidas ou então raspadas para a criança. Carnes devem ser cortadas no sentido transversal da fibra também no intuito de reduzir o risco de engasgo.  

O BLW não é apenas sobre “comer com as mãos”, com o passar dos meses e anos os bebês aprendem a manejar os talheres. A razão pela qual os talheres não são utilizados no início é porque a coordenação motora fina ainda está em evolução e o movimento de pinça ainda não foi desenvolvido (ele geralmente é alcançado de 9 a 12 meses). É por isso também que os pedaços ofertados ao bebê no princípio da IA precisam ser maiores, para que o bebê consiga segurá-los com a mãozinha fechada e sobrar parte do alimento para fora da mão e ele possa morder, lamber. Conforme a passagem do tempo e a aquisição dos movimentos mais refinados, esse bebê conseguirá comer alimentos cortados em pedaços menores (e treinar ainda mais a sua coordenação motora nesse momento também). 


Imagem: Freepik


Quem faz BLW não pode oferecer sopa ou purê para o bebê nunca? Não é bem assim. Se a refeição da família for sopa, o bebê pode (e deve!) ser incluído no planejamento. O que não deve ocorrer é oferta desses alimentos todos os dias em todas as refeições justamente porque o bebê precisa desenvolver a mastigação (ainda que os dentes não tenham nascido, eles estão ali, guardadinhos pelas gengivas), entender que se alimentar não é algo monótono, com sopa/mingau a todo momento.  

Conheci todos os pontos do BLW e ainda assim prefiro seguir com a papinha. Sem problemas! Dê os alimentos amassadinhos para o bebê. Não liquidifique os alimentos, nem os peneire. Apresente os alimentos individualmente, a criança precisa conhecer as texturas, as cores, os cheiros de cada alimento. Permita que a criança decida se quer comer ou não, como já citado o momento da IA é sobre conhecer e aprender, não force a colher na boca do seu bebê! Isso pode gerar traumas e transformar a refeição em um momento desconfortável. Deixe que o bebê abra a boca para a colher espontaneamente. Se a criança não quer mais, respeite. Nada de fazer aviãozinho, enganar o bebê, fazê-lo rir para abrir a boca ou qualquer atitude semelhante. Importante ressaltar que a textura das papinhas precisa evoluir. Até 12 meses o bebê já deve estar comendo a mesma textura da família. 


Imagem: Freepik


A escolha de como alimentar o bebê não precisa ser algo engessado. Tudo bem optar por mesclar os métodos. O primordial é que o bebê seja respeitado! Em ambos os métodos, o bebê não deve estar sendo exposto a telas, precisa estar sentado no cadeirão e precisa de interação. A criança só irá querer comer, vendo os outros integrantes da família comendo também. A palavra convence, o exemplo arrasta. O bebê vai aceitar os legumes, as frutas, com muito mais facilidade se observar que sua família também está comendo aqueles alimentos. Devidamente ajustada, o bebê deve comer a mesma comida da família sempre que possível. A refeição é momento de conexão e ensinamentos.  


REFERÊNCIAS 

DANEMBERG, Franciele. Nutrindo meu bebê: guia alimentar dos 0 aos 24 meses. 5. ed. Porto Alegre: Ed. da autora, 2021. 

DE LIMA, Fernanda Ribeiro; ANDRADE, Ana Helena Gomes. Introdução alimentar em lactentes: uma revisão de literatura. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 37, n. 73, p. 135-147, 2021. 

11 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page