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Seletividade alimentar infantil

A seletividade alimentar (SA) é uma condição que geralmente começa a ocorrer com crianças por volta dos dois anos de idade. É muito comum pais relatarem que a criança consumia determinado alimento (ou grupo alimentar) e de repente não o aceita mais ou que provava de tudo e agora não aceita mais nenhum alimento desconhecido no prato (devido a diversos fatores: cor, textura, sabor). 


Imagem: Freepik


É importante que os pais e cuidadores saibam guiar a criança através desse momento, pois a SA pode se tornar realmente um problema se não contornada e evoluir para uma criança que não come quase nada de variedade, ou que só come um grupo alimentar, e trazer muitos prejuízos para a saúde da criança deteriorando sua imunidade e afetando negativamente seu crescimento e desenvolvimento global. A genética e o ambiente podem influenciar na SA.   

A amamentação tem um papel de proteção contra a seletividade, quanto mais variada a alimentação materna melhor será, pois, a partir do terceiro trimestre da gestação o bebê já consegue sentir alguns sabores de alimentos consumidos pela mãe e através do leite materno, devido à sua composição viva e mutável, a criança também tem acesso a variedade. Isso é bem relevante pois o paladar dos seres humanos de maneira inata já tende a preferir sabores mais adocicados, então é interessante essa exposição a sabores variados quando possível (via amamentação ou aos alimentos que a mãe consome na gestação, nada de introdução alimentar precoce!). 

São diversos os fatores que podem causar seletividade alimentar, algumas crianças desenvolvem a neofobia alimentar, que é o medo de experimentar alimentos novos, condição que, em geral, bebês menores não possuem (até porque exploram o mundo com a boca). O excesso de telas e a falta de atividade física (energia acumulada pode resultar em estresse, birras, nervosismo) também podem contribuir para a seletividade alimentar.  


Imagem: Freepik


O comportamento dos pais ou cuidadores no momento das refeições também influenciam muito na SA infantil. Se a comida é utilizada como barganha (comeu tudo? Pode comer sobremesa. Não comeu tudo? Perde algum privilégio.) a criança entende que os alimentos são divididos entre alimentos bons e ruins - em geral doces, carboidratos simples são classificados como os favoritos. Essas formas de lidar com o momento da refeição são muito prejudiciais. A alimentação deve ser um momento tranquilo, onde a criança é ensinada, pelo exemplo, a comer prestando atenção na sua comida, interagindo com a família, experimentando novos alimentos, sem telas e muito menos ameaças para comer.  


Imagem: Freepik


A introdução alimentar (IA) também tem papel determinante nesse processo. Crianças que tiveram a IA no momento adequado (seis meses + sinais de prontidão, com idade corrigida em caso de bebês prematuros), da maneira correta, tendo oportunidade de desenvolver a mastigação, de experimentar uma boa variedade alimentar, têm menores chances de apresentar SA ou ainda dessa SA persistir. 

O que fazer se a criança está apresentando sinais de SA? Procure auxílio de nutricionista sempre que possível. Envolver a criança na compra e no preparo dos alimentos: ela estará muito mais animada para experimentar um novo alimento que ajudou a escolher e a comprar). Explique que tudo bem ela não gostar de alguns alimentos, mas que tal colocar no prato e ela experimentar só um pouquinho? Tolerar o alimento no prato já é um passo para crianças com SA. Utilizar o lúdico: “filho (a), vamos dar uma mordida de coelhinho nessa cenoura? Que tal uma mordida de formiguinha nesse alimento novo?”. Utilize os alimentos que a criança gosta como facilitadores. Atenção: não engane a criança escondendo alimentos em preparações. O intuito é que ela saiba que o alimento que ela tem dificuldade de consumir está ali, mas tente experimentar já que há também um que ela come (exemplos: arroz com couve, farofa com cenoura ralada, macarrão com bolonhesa enriquecida com legumes). 


Imagem: Freepik


  Não troque refeições por pacotinhos, não ajudará em nada a criança receber permissão para comer um alimento hiper palatável, industrializado (geralmente com sódio, açúcares e outros componentes utilizados pela indústria alimentícia em excesso) no lugar da refeição. Cuide para não esquecer de oferecer alimentos que você não goste para sua criança, ela precisa da oportunidade. E é importante lembrar que nosso paladar (inclusive dos adultos) se acostuma gradativamente com novos sabores, então é crucial apresentar o mesmo alimento várias vezes e de maneiras diferentes (assado, cozido, refogado, com temperos, texturas, cortes e temperaturas diferentes) inclusive alimentos que porventura a criança consumia e afirma não gostar mais. O alimento não pode ser excluído da vida da criança, ela decide o que comer e em que quantidade, mas a oportunidade tem que ser dada pelos adultos responsáveis!  

Se você é pai/mãe/cuidador de uma criança e possui seletividade alimentar, procure ajuda de nutricionista também para si mesmo, é difícil “tratar” um problema que você também enfrenta. A criança, e o adulto também, que apresente esse quadro, pode até mesmo precisar de uma suplementação temporária até que consiga melhorar e diversificar mais a alimentação (a suplementação não deve substituir a alimentação, a terapia alimentar deve ser iniciada o quanto antes!). O nutricionista pode orientar e, se necessário, encaminhar para um médico para que uma suplementação em doses maiores seja feita.  

 

REFERÊNCIAS:

DA SILVA SANTANA, Poliana; ALVES, Thaisy Cristina Honorato Santos. Consequências da seletividade alimentar para o estado nutricional na infância: uma revisão narrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 1, p. e52511125248-e52511125248, 2022. 

DE PAULA IVNUK, Luana et al. Seletividade alimentar infantil: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 12, p. e130121244099-e130121244099, 2023. 

PEREIRA, Emily Dias Monteiro; DE SALES FERREIRA, José Carlos; FIGUEIREDO, Rebeca Sakamoto. Seletividade alimentar em crianças pré-escolar. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, p. e546111436894-e546111436894, 2022. 

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